quarta-feira, 28 de dezembro de 2011

A PLC122 e o Kit Gay nas Escolas

Esses assuntos estão sendo muito discutidos nos últimos momentos e é pertinente que sejam tratados neste blog também. É incrível como o governo, ao mesmo tempo em que quer impedir que os pais eduquem a crianças com umas "palmadas" de vez em quando, quer enfiar goela a baixo a ideologia gay na cabeça das crianças através do kit gay nas escolas. Esse kit não quer apenas ensinar a respeitar os homossexuais mas incentivar a própria pratica homossexual. O movimento gay quer fazer mais adeptos para sua causa e destruir a família tradicional. O governo já gastou milhões na produção desse vídeo e em breve eles poderão ser distribuídos nas escolas. Ainda não foram porque a grande maioria da população é contra e sabe o estrago que isso iria causar a nossas crianças. O vídeo do deputado Jari Bolsonaro explica bem o que esse kit gay pretende fazer nas escolas:


Tudo começou por conta da PC122 que é a lei anti-homofobia. Não é necessário explicar tanto sobre ela pois já foi muito bem abordada por outras vias, inclusive haveria uma votação no dia 8 de dezembro mas foi adiada. A questão é que querem forçar o povo a aceitar uma ideologia que não é verdadeira, e por mais que muitas pessoas sejam mal formadas sabem disso. Temos que salvar nossas crianças dessa maldição que esta tomando conta do nosso país. Ensinar-lhes o verdadeiro sentido de família, o sentido de ser homem e de ser mulher. Compete à família a educação sexual dos filhos e não à escola. Encaminhá-los a uma vida realmente digna, e não deixar-se guiar por valores da mídia, ou pelas ideologias impostas pelo Estado, partidos ou movimentos políticos. Rezemos para que essa maldição não recaia sobre nossas crianças e nosso país!

quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

Lei da Palmada Aprovada

Sobre a lei pode-se lerr nesse site: http://www.correiodoestado.com.br/noticias/lei-da-palmada-e-aprovada-na-camara_135417/

É novamente o Estado querendo tomar o lugar da família. Essa lei é uma verdadeira afronta a maneira dos pais educarem os filhos. Os pais são os únicos que tem o direito de dar uma educação moral sólida aos filhos. Isso não significa que devem ser espancados. Mas não pode-se privar de dar umas palmadas quando necessário. As crianças já estão cada vez mais sem limites por conta do consumismo onde os pais dão tudo que elas querem, agora, não podem dar limite aos filhos através de palmadas de vez em quando, vão transformá-los em verdadeiros vândalos. Claro que a palmada deve ser o ultimo recurso a ser usado, mas nem sempre a criança entende as coisas pelo diálogo e até mesmo a Bíblia ensina que deve-se educar os filhos pela vara. Não se faz isso por maldade, mas amor aos filhos, o próprio Cristo expulsou os vendilhões do Templo com chicotadas porque queria ensiná-los que ali era um local sagrado, do mesmo modo os pais devem ensinar o respeito aos filhos, para serem homens bons e virtuosos.

Exponho aqui um trecho da carta de Santa Catarina de Siena que fala sobre a educação dos filhos:

"Inebriada de amor, a pessoa não aceita seguir outro caminho senão o seu Mestre. Despreza o prazer e as consolações do mundo, porque Cristo os evitou. Ama a virtude, despreza o vício. Prefere morrer a ofender o Criador. Nem suportará que os próprios filhos e a família O ofendam. *Repreenderá até, como autêntico pai.* E quanto pode, exige que sigam o próprio exemplo." (Santa Catarina de Siena)

sábado, 10 de dezembro de 2011

Educação Infantil na Idade Média

Ricardo da Costa
Prof. Adjunto de Hist. Medieval da UFES
Universidade Federal do Espírito Santo.
Home-page: www.ricardocosta.com
riccosta@npd.ufes.br


No Brasil, a Idade Média ainda é citada por muitos néscios como um tempo de ignorância e barbárie, um tempo vazio, um tempo em que a Igreja escondeu os conhecimentos que naufragaram com o fim do Império Romano para dominar o “povo”. Nesse movimento consciente e ideológico em direção às trevas, o clero teve como aliado principal a nobreza feudal. Juntos, nobreza e clero governaram com coturnos sinistros e malévolos todo o ocidente medieval, que permaneceu assim envolto em uma escuridão de mil anos, soterrado, amedrontado e preso a terra num trabalho servil humilhante.

Quem ainda acredita piamente nesse amontoado de tolices ficará agradavelmente surpreso, espero, com o tema desse trabalho, que não poderia ser mais propício. Minhas perguntas básicas serão: existiu educação na Idade Média? E ciência? E as crianças?

De qualquer maneira, o fato é que, historicamente, o papel da criança sempre foi definido pelas expectativas dos adultos, e esse anseio mudou bastante ao longo da história, embora a família elementar e o amor tenham existido em todas as épocas . Vejamos então o caso medieval.
A primeira herança da Antigüidade não é nada boa: a vida da criança no mundo romano dependia totalmente do desejo do pai. O poder do pater familias era absoluto: um cidadão não tinha um filho, o tomava. Caso recusasse a criança - e o fato era bastante comum - ela era enjeitada. Essa prática era tão recorrente que o direito romano se preocupou com o destino delas. E o que acontecia à maioria dos enjeitados? A morte .
A segunda herança que a Idade Média herda da Antigüidade, a cultura bárbara, foi-nos passada especialmente por Tácito. Ele nos conta que a tradição germânica em relação às crianças era um pouco melhor que a romana. Os germanos não praticavam o infanticídio, as próprias mães amamentavam seus filhos e as crianças eram educadas sem distinção de posição social. O povo germânico era composto por um conjunto de lares, com dois poderes distintos: o matriarcal, exercido no seio da família, e o patriarcal, predominante na política e na organização social . No entanto, o destino das crianças naqueles clãs, como na cultura romana, também dependia da vontade paterna (direito de adoção, de renegação, de compra e venda). A criança aceita ficava aos cuidados dos parentes paternos (agnatos) e o destino dos bastardos, órfãos e abandonados era entregue aos parentes maternos, especialmente a tios e avós maternos.
Dessas duas tradições culturais que se mesclaram e fizeram emergir a Idade Média, concluo que o status da criança naquelas sociedades antigas era praticamente nulo. Sua existência dependia do poder do pai: se fosse menina ou nascesse com algum problema físico, poderia ser rejeitada. Seu destino, caso sobrevivesse, era abastecer os prostíbulos de Roma e o sistema escravista. Até o final da Antigüidade as crianças pobres eram abandonadas ou vendidas; as ricas enjeitadas - por causa de disputas de herança - eram entregues à própria sorte .
Nesse contexto histórico-cultural é que se compreende a força e o impacto do cristianismo, que rompeu com essas duas tradições. O Cristo disse:
Em verdade vos digo que, se não vos converterdes e não vos tornardes como as crianças, de modo algum entrareis no Reino dos Céus. Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança, esse é o maior no Reino dos Céus. (Mt 18, 1-4).
A tradição cristã abriu, portanto, uma nova perspectiva à criança, uma mudança revolucionária. No entanto, foi um processo bastante lento, um processo civilizacional levado a cabo pela Igreja. Primeiro, por força das circunstâncias. Por exemplo, dos séculos V ao VIII, na Normandia, o índice de mortalidade infantil era muito elevado, 45%, e a expectativa de vida bem pequena, 30 anos. À primeira vista, esses dados arqueológicos poderiam sugerir ao historiador um sentimento de descaso para com a criança: a regularidade da morte poderia criar nos espíritos de então uma apatia, um medo de se apegar a algo tão frágil que poderia morrer à primeira doença  .
Paradoxalmente, ao invés disso, a documentação nos mostra que havia um grande apego dos pais aos filhos, apesar da mortalidade infantil. Em sua História dos Francos, Gregório de Tours nos conta o sentimento de tristeza e a lamentação de Fredegunda (concubina e depois esposa do rei dos francos Chilperico), quando da morte de crianças:
Essa epidemia que começou no mês de agosto atacou em primeiro lugar a todos os jovens adolescentes e provocou sua morte. Nós perdemos algumas criancinhas encantadoras e que nos eram queridas, a quem nós havíamos aquecido em nosso peito, carregado em nossos braços ou nutrido por nossa própria mão, lhes administrando os alimentos com um cuidado delicado [...] O rei Chilperico também esteve gravemente doente. Quando entrou em convalescença, seu filho mais novo, que não era ainda renascido pela água e pelo Espírito Santo, caiu enfermo. Assim que melhorou um pouco, seu irmão mais velho, Clodoberto, foi atingido pela mesma doença, e sua mãe Fredegunda, vendo-o em perigo de morte e se arrependendo tardiamente, disse ao rei: “A misericórdia divina nos suporta há muito tempo, nós que fazemos o mal, porque sempre ela nos tem advertido através das febres e outras doenças, mas sem que nos corrijamos. Nós perdemos agora os nossos filhos, eis que as lágrimas dos pobres, as lamentações das viúvas e os suspiros dos órfãos os matam e não nos resta esperança de deixar os bens para ninguém. Nós entesouramos sem ter para quem deixar. Os tesouros ficarão privados de possuidor e carregados de rapina e maldições! Nossas adegas não abundam em vinho? Nossos celeiros não estão repletos de trigo? Nossos tesouros não estão abarrotados de ouro e de prata, de pedras preciosas, de colares e outras jóias imperiais? Nós perdemos o que tínhamos de mais belo! Agora, por favor, venha! Queimemos todos os livros de imposições iníquas e que nosso fisco se contente com o que era suficiente ao pai e rei Clotário.” (Gregório de Tours, Historiae, V, 34)
Por sua vez, fora do mundo secular, um espaço social lentamente impôs uma nova perspectiva à educação infantil: o monacato. Os monges criaram verdadeiros “jardins de infância” nos mosteiros, recebendo indistintamente todas as crianças entregues, vestindo-as, alimentando-as e educando-as, num sistema integral de formação educacional .
As comunidades monásticas célticas foram as que mais avançaram nesse novo modelo de educação, pois se opunham radicalmente às práticas pedagógicas vigentes das populações bárbaras, que defendiam o endurecimento do coração já na infância. Pelo contrário, ao invés de brutalizar o coração das crianças para a guerra e a violência, os monges o abriam para o amor e a serenidade.
As crianças eram educadas por todos do mosteiro até a idade de quinze anos. A Regra de São Bento prescreve diligência na disciplina: que as crianças não apanhem sem motivo, pois “não faças a outrem o que não queres que te façam.” Toco aqui em um ponto importante e de grande discussão na História da Educação. O sistema medieval e monástico previa a aplicação de castigos. Na Bíblia há passagens sobre os castigos com vara que devem ser aplicados aos filhos na Regra de São Bento há várias passagens (punição com jejuns e varas, pancadas em crianças que não recitarem corretamente um salmo ), e esse ponto foi muito destacado e criticado pela pedagogia moderna, que, no entanto, não levou em consideração as circunstâncias históricas da época. Por exemplo, Manacorda interpreta os castigos do período antigo e medieval como puro sadismo pedagógico  , linha de interpretação que permaneceu ao lado da imagem do monge medieval como uma pessoa frustrada e desiludida amorosamente e que, por esse motivo, buscava a solidão do mosteiro
Naturalmente isso se deve a um anacronismo e preconceito que não condizem com a postura de um historiador sério. Basta buscar os textos de época que vemos a felicidade dos egressos dos mosteiros pelo fato de terem sido amparados, criados e educados. Darei apenas dois breves exemplos. Ao se recordar do mosteiro onde passou sua infância, São Cesário de Arles (c. 470-542) diz:
Essa ilha santa acolheu minha pequenez nos braços de seu afeto. Como uma mãe ilustre e sem igual e como uma ama-de-leite que dispensa a todos os bens, ela se esforçou para me educar e me alimentar. [39]
Por sua vez, Walafried Strabo (806-849), então jovem monge, nos conta em seu Diário de um Estudante:
Eu era totalmente ignorante e fiquei muito maravilhado quando vi os grandes edifícios do convento (...) fiquei muito contente pelo grande número de companheiros de vida e de jogo, que me acolheram amigavelmente. Depois de alguns dias, senti-me mais à vontade (...) quando o escolástico Grimaldo me confiou a um mestre, com o qual devia aprender a ler. Eu não estava sozinho com ele, mas havia muitos outros meninos da minha idade, de origem ilustre ou modesta, que, porém, estavam mais adiantados que eu. A bondosa ajuda do mestre e o orgulho, juntos, levaram-me a enfrentar com zelo as minhas tarefas, tanto que após algumas semanas conseguia ler bastante corretamente (...) Depois recebi um livrinho em alemão, que me custou muito sacrifício para ler mas, em troca, deu-me uma grande alegria...
Esses são apenas dois de muitos exemplos que contam a felicidade e a alegria que os medievais sentiram com o fato de terem tido a sorte de serem acolhidos em um mosteiro. Assim, devemos sempre confrontar em retrospecto as regras com a vida cotidiana, o sistema institucional com o que as pessoas pensavam dele, para então construirmos um juízo de valor mais adequado e menos sujeito a anacronismos.
Para completar o entendimento do sentido civilizacional dos mosteiros medievais, basta confrontarmos sua vida cotidiana - de educação e disciplina voltada para uma formação ética e moral das crianças - com o mundo exterior. Por exemplo, no período carolíngio (séculos VIII a X), apesar do avanço da implantação da família conjugal simples (modelo cristão) com uma média de 2 filhos por casal e um período de aleitamento de dois anos, a prática do infanticídio continuava comum, a idade média dos casamentos era muito baixa (entre 14 e 15 anos de idade), a poligamia e a violência sexual eram recorrentes, pelo menos na aristocracia  e ainda havia a questão da escravidão de crianças . Confronte você, caro leitor, essa realidade com a vida de uma criança em um mosteiro.
Por sua vez, os bispos carolíngios do século IX tentaram regulamentar o casamento cristão, redigindo uma série de tratados (espelhos) . Neles, o casamento era valorizado, a mulher reconhecida como pessoa com pleno direito familiar e em pé de igualdade com o marido e a violência sexual denunciada como crime grave e do âmbito da justiça pública . Para o nosso tema, o que interessa é que as crianças também foram objeto de reflexão nesses espelhos: a maternidade foi considerada um valor (charitas) e o casal tinha a obrigação de aceitar e reconhecer os filhos .
Assim, a ação da ordem clerical foi dupla: de um lado, os bispos lutaram contra a prática do infanticídio, de outro, os monges revalorizaram a criança, que passou por um processo de educação direcionada, de cunho integral e totalmente igualitária – por exemplo, as escolas monacais carolíngias davam preferência a crianças filhas de escravos e servos ao invés de filhos de homens livres, a ponto de Carlos Magno ser obrigado a pedir que os monges recebessem também para educar crianças filhas de homens livres . Estes séculos da Alta Idade Média foram cruciais para a implantação do modelo de casamento cristão conhecido por todo o mundo ocidental, para a valorização da mulher como parceira e igual do marido e para a idéia de criança como ser próprio e com necessidades pedagógicas específicas. Por fim, a sociedade era pensada como o conjunto de pessoas casadas (ordo conjugatorum), e a criança tinha um papel fundamental nessa estrutura, pois era o fim último da união.

Mulher, criança, minorias revalorizadas na Idade Média em relação à Antigüidade. Para completar esse quadro compreensivo, quero responder à terceira pergunta feita no início: qual era o conceito de educação que alicerçava esse novo sistema pedagógico medieval? Essa é uma resposta relativamente mais simples. Para os homens da época, as palavras eram transparentes: havia um prazer muito grande em saborear o sentido etimológico delas. Os intelectuais de então diziam que o homem é um ser que esquece suas experiências. Ele consegue resgatá-las através da linguagem . Assim, a expressão educação era entendida como estando associada à sua raiz etimológica latina: educe, “fazer sair”. Como o conhecimento já existia inato no indivíduo, restava responder à seguinte pergunta: de que modo o estudante era conduzido da ignorância ao saber?  Como o aluno aprendia? Essa era a questão básica dos educadores medievais. Preocupados com a forma da aquisição, os pedagogos de então tiveram uma importante consciência: cabia ao professor “acender uma centelha” no estudante e usar seu ofício para formar e não asfixiar o espírito de seus alunos . Muito moderna a educação medieval!


sábado, 3 de dezembro de 2011

Dom Bosco: O Jovem Instruído na Prática dos Deveres Religiosos

A Juventude
Dois são os ardis de que principalmente costuma servir-se o demônio para afastar os jovens do caminho da virtude. O primeiro é fazer-lhes crer que para servir a Deus é preciso levar uma vida melancólica, longe de todo divertimento e prazer. Não é assim, queridos jovens. Quero ensinar-vos um plano de vida cristã, que vos faça felizes e alegres e que, ao mesmo tempo, vos dê a conhecer quais são os verdadeiros divertimentos e os verdadeiros gozos, de tal forma que possais dizer com o santo profeta Davi: "Sirvamos a Nosso Senhor em santa alegria: servíte Dómino in laetítia". Tal é precisamente o fim deste livrinho: Ensinar-vos a servir a Deus e a viver sempre alegres.

O outro engano é a esperança de ter uma longa vida e de converter-vos mais tarde, quando velhos, ou na hora da morte. Tomai cuidado, meus filhos, porque muitos foram vítimas deste engano. Quem nos garante que chegaremos à velhice? Seria preciso fazer um contrato com a morte para que nos esperasse até lá. Mas a vida e a morte estão nas mãos de Deus, que delas pode dispor como melhor lhe agrada.

E ainda quando Nosso Senhor vos concedesse uma vida longa, ouvi o grande aviso que vos dá: "A estrada que o homem começa a trilhar na juventude, por essa mesma continuará na velhice até a morte: Adoléscens juxta viam suam, etiam cum senúerit, non recédet ab ea". Isto significa: se começamos a viver bem agora que somos moços, continuaremos a viver bem pela vida afora, teremos uma boa morte, que será o princípio de uma felicidade eterna. Pelo contrário, se desde moços nos deixamos dominar pelos vícios, geralmente assim continuaremos em todas as fases de nossa vida até a morte, que será indicio funesto de uma infelicíssima eternidade. Para que tal desgraça não vos aconteça a vós, aqui vos proponho uma breve e fácil norma de vida, mas suficiente para vos tornardes a consolação dos vossos pais, a honra da pátria bons cidadãos na terra e mais tarde venturosos habitantes do Céu.

Primeira Parte: Do que necessita um jovem para ser virtuoso

ARTIGO I. Conhecimento de Deus

Observai, queridos filhos, tudo o que existe no Céu e na terra. O sol, a lua, as estrelas, o ar, a água, o fogo; tempo houve em que todas estas coisas não existiam. Nenhuma coisa pode jamais dar a existência a si mesma. Deus com a sua onipotência, as tirou todas do nada, criando-as; é por isso que Ele se chama Criador.

Este Deus, que sempre existiu e sempre há de existir, depois de ter criado todas as coisas contidas no Céu e na terra, criou também o homem, que é a mais perfeita de todas as criaturas visíveis. Por isso, os nossos olhos, a boca, a língua, os ouvidos, as mãos, os pés, são todos dons do Senhor.

O homem distingue-se de todos os outros animais, principalmente por ter uma alma que pensa, raciocina, quer e conhece o que bem e o que é mal. Esta alma, por ser um puro espírito, não pode morrer com o corpo; mas, quando este for levado a sepultura, irá ela começar outra vida, que mais há de acabar. Se praticou o bem, será sempre feliz com Deus no Paraíso, onde gozará de todos os bens eternamente; se fez o mal, será punida com um terrível castigo, no inferno, onde padecerá para sempre o fogo e toda a sorte de tormentos.

Considerai, contudo, meus filhos que nós fomos criados todos para o Paraíso e Deus, que é Pai bondoso, condena ao inferno somente quem o merecer pelos seus pecados. Óh! Quanto o Senhor nos ama e quanto deseja que façamos boas obras para assim poder-nos tornar participante daquela grande felicidade, que tem reservada para todos eternamente no Céu!

ARTIGO II.Deus tem particular amor à juventude

Persuadidos que estamos, caros jovens, de que fomos todos criados para o Céu, devemos dirigir todas as nossas ações para alcançar este grande fim. A 7

isto nos há de mover o prêmio que Deus nos promete, o castigo com que nos ameaça. Mas o que mais que tudo nos deve levar a amá-Lo e a servi-Lo, há de ser o grande amor que nos têm. Pois que, embora Ele ame a todos os homens, como obra de suas mãos, consagra todavia um afeto todo particular aos meninos e acha as suas delícias em permanecer no meio deles: Deliciae meac esse cum filiis hóminum. Deus vos ama, porque de vós espera muitas boas obras; ama-vos porque estais numa idade simples, humilde, inocente e, por via de regra, não vos tornaste ainda vítima do inimigo infernal.

Há ainda outras provas não menores da especial benevolência que vos tem o Divino Redentor. Ele assegura que considera como feitos a si mesmo todos os benefícios que vos fizerem a vós e ameaça de maneira terrível os que vos escandalizam.

Eis as suas palavras: "Se alguém escandalizar a um destes pequeninos que creem em Mim, melhor lhe fora que lhe atassem ao pescoço uma mó de moinho e que o lançassem ao fundo do mar". Gostava muito que os meninos O seguisse, chamava-os para perto de Si, abraçava-os, e lhes dava a sua santa benção. "Deixai, dizia, deixai que os meninos venham a mim: Sínite párvulos veníre ad me"; dando assim evidentemente a conhecer que vós, ó jovens, sois as delícias do seu coração.

Visto que o Senhor vos ama tanto, deve ser vosso firme propósito corresponder-Lhe, fazendo tudo o que lhe agrada e evitando tudo o que o poderia desgostar.

ARTIGO III. A salvação da alma depende geralmente do tempo da juventude
Dois são os lugares que nos estão reservados na outra vida: para os maus, o inferno, onde se sofre todos os tormentos; para os bons, o Paraíso, onde se goza todos os bens. Mas o Senhor vos diz claramente que se vós começardes a ser bons no tempo da juventude, sereis igualmente no resto da vida, a qual será coroada com uma eternidade de glória. Pelo contrário, se começardes a viver mal no tempo da juventude, muito facilmente continuareis assim até a morte, e isto vos conduzirá inevitavelmente ao inferno.
Por isso, quando virdes homens de idade avançada entregues ao vício da embriaguez, do jogo, da blasfêmia, podereis quase sempre dizer que tais vícios começaram na juventude: Adoléscens juxta viam suam, etiam cum senúerit, non recédet ab ea. Ah! Filhos querido, diz Deus, recorda-te do teu criador no tempo de tua juventude. Em outro lugar declara feliz o homem que desde a sua adolescência tenha levado o jugo dos mandamentos: Bonum est viro, cum poratáverit jugum ab adolescéntia sua.

Esta verdade foi bem conhecida pelos santos, especialmente por santa Rosa de Lima e por são Luís Gonzaga, os quais, tendo começado a servir fervorosamente a Nosso Senhor desde a mais tenra idade, quando adultos só achavam gosto nas coisas de Deus e assim se tornaram grandes santos. O mesmo se diga do filho de Tobias que, desde o início de sua juventude, foi sempre obediente e submisso aos seus pais: Este morreram e ele continuou a viver virtuosamente até a morte.

Mas dirão alguns: se começamos agora a servir a Deus, tornaremos tristonhos. Respondo-vos que isso não é verdade. Andarás triste quem serve ao demônio, pois que, por mais que se esforce para estar alegre, terá sempre o coração a lhe segredar entre lágrimas: És infeliz, porque és inimigo do teu Deus. Quem mais afável e jovial que São Luís Gonzaga? Quem mais alegre e gracioso do que São Felipe Néri e São Vicente de Paulo? E contudo, a vida deles foi um contínuo exercício de todas as virtudes.

Animo pois, meus caros filhos; dedicai-vos em tempo á virtude e eu vos garanto que tereis sempre o coração alegre e contente e experimentareis quanto é doce e agradável o serviço do Senhor. 9

ARTIGO IV. A Primeira Virtude de um jovem é a obediência aos seus pais e superiores

Assim como uma plantinha, embora colocada em bom terreno, num jardim, contudo toma forma defeituosa e vai definhando se não for cultivada e, de algum modo, guiada até certa altura, assim vós, meus caros filhos, vos inclinareis fatalmente para o mal, se não vos deixardes guiar por quem está encarregado da vossa educação e do bem da vossa alma. Essa guia vós atendes nos vossos pais e nos que fazem suas vezes; a eles deveis obedecer com docilidade. "Honra teu pai e tua mãe e terás vida longa na terra", diz o Senhor.

Mas em que consiste essa honra? Consiste em obedecer-lhes, respeitá-los e prestar-lhes assistência. Obedecer-lhes e por isso, quando vos mandão alguma coisa, fazei-a prontamente, sem resistir, e guardai-vos de proceder como alguns que resmungam, escolher os ombros, sacodem a cabeça e, o que é pior, respondem mal. Esses fazem grande injúria aos seus pais e também a Deus, pois que nas ordens dos pais se manifesta a vontade de Deus. Nosso Salvador, apesar de ser onipotente, para ensinar-nos a obedecer, foi submisso em tudo a Santíssima Virgem e a São José, na humilde ocupação de artífice: Et erat súbditus illis. Para obedecer a seu Pai celeste ofereceu-Se á morte dolorosíssima da cruz: Factus obédiens usque ad mortem; mortem autem crucis.

Deveis também ter grande respeito a vosso pai e a vossa mãe e não empreender coisa nenhuma sem sua licença, nem dar a conhecer seus defeitos. São Luís Gonzaga não fazia coisa nenhuma sem licença e, na falta de outrem, a pedia aos mesmos criados. O jovem Luís Comolo foi obrigado um dia a estar longe de seus pais por mais tempo do que lhes tinham permitido. Mas ao chegar a casa, todo choroso pediu logo humildemente perdão daquela desobediência involuntária.
Finalmente, deveis prestar aos pais assistência em suas necessidades com o serviços domésticos de que fordes capazes especialmente entregando-lhes todo o dinheiro ou qualquer coisa que vos venha as mãos, usando de tudo conforme suas indicações. É também estrito dever de um jovem rezar de manhã e à noite pelos seus pais, para que Deus lhes conceda todos os bens espirituais temporais.

Tudo o que vos disse a cerca da obediência e do respeito aos pais, deveis também praticar em relação a qualquer outro superior, eclesiástico ou secular, e por isso também em relação aos vossos professores, dos quais igualmente recebereis de boa vontade, com humildade e respeito os ensinamentos, os conselhos as correções, certos de que tudo o que eles fazem é para a vossa maior vantagem e que a obediência prestada aos superiores é como se fora prestada ao mesmo Jesus Cristo e a Nossa Senhora.

Duas coisas vos recomendo com maior empenho. A primeira é que sejais sinceros com os superiores, não encobrindo nunca as vossas faltas com fingimentos, muito menos as negando. Dizei sempre a verdade com franqueza. As mentiras, além de ofenderem a Deus, vos tornam filhos do demônio, que é o príncipe da mentira, e, vindo-se depois a saber a verdade, passareis por mentirosos, com grande desdouro perante os superiores e os companheiros. Em segundo lugar, vos recomendo que aceiteis os conselhos e as advertências dos superiores como norma de vossa vida e do vosso modo de agir. Felizes vós, se assim fizerdes; os vossos dias serão venturosos, todas as vossas ações serão bem ordenadas e servirão de edificação aos outros. Por isso, concluo dizendo-vos: O menino obediente tornar-se-á santo; pelo contrário, o desobediente segue um caminho que o levará a perdição.

quarta-feira, 30 de novembro de 2011

Pra ver como estão as coisas na escola hoje....



O problema da co-educação: as escolas mistas, sistema de ensino que a Igreja sempre recusou

Por Vladimir Lachance
.
Por co-educação se entende a educação de meninos e meninas feita em comum, modelo que domina a maior parte das escolas do Brasil e do mundo.
Apesar de dominante, este modelo educacional só se estabeleceu no último século: pouco a pouco foi substituindo as escolas não-mistas, até que, por volta da década de 70, se tornou o modelo normal de educação, enquanto que as escolas que educavam apenas um dos sexos foram desaparecendo, à força da pressão feita pelos órgãos de educação do país – e em parte também pela mudança de mentalidades da sociedade em geral.
Então, o que para nós parece algo comum na verdade não o foi. Até o século XIX a influência da Igreja sobre a educação ainda se fazia presente de algum modo, preservando o princípio de que a educação deveria ser diferenciada para cada sexo. Mas, neste mesmo século, as vozes incorfomadas com os ideais católicos já começam a se fazer ouvir: eis que a propaganda pela co-educação aparece.
De 1882 a 1884 ocorreu o “Congresso de Instrução” no Rio de Janeiro. Embebido da influência pseudo-científica do Positivismo, este congresso abordou questões avançadas para a época, como a “liberdade de ensino”, o “ensino obrigatório” e a “organização do ensino secundário feminino”. Além disto, nos parece interessante destacar neste Congresso o parecer dado pelo Inspetor da Instrução Pública do Rio de Janeiro, Dr. João Barbalho Uchôa, que levanta inúmeros argumentos em favor da co-educação – que constituem praticamente os mesmos argumentos utilizados pelos propugnadores da co-educação atualmente, por isso vemos a necessidade de analisá-los. Os seus argumentos se resumem a:
1. [...] a influencia irrecusavel que o ensino mixto produz com relação aos costumes e maneiras, contribuindo de modo muito decisivo para ameniza-los. Como é, porém, que se apparece esse estimulo, e como se dá essa amenização. É simples, e facilmente se comprhende. As alumnas pretendem não se mostrar inferiores em aproveitamento aos alumnos, e por sua parte estes não querem deixar-se vencer por ellas. Resultado: mais applicação; mais assiduidade; melhores lições; maior proveito e adiantamento (CONGRESSO DE INSTRUÇÃO 1882-1884, item I).
Para fazer este primeiro ponto funcionar, o Inspetor então saca do segundo argumento – introdução de mulheres no quadro de professores, para amenizar a dificuldade das meninas em aceitar a presença de meninos na classe; a professora funcionaria como mediadora das duas partes:
2. Sabe-se que a mulher tem mais facilidade, mais jeito de transmittir nos meninos os conhecimentos que lhes devem ser communicados. Maneiras menos rudes e seccas, mais affaveis e attrahentes que os mestres, aos quaes incontestavelemnte vence em paciência, doçura e bondade. Nella predominam os instinctos maternaes, e ninguém como ella possue o segredo de captivar a attenção de seus travessos e inquietos ouvintes, sabendo conseguir que as lições, em vez de tarefa aborrecida, tornem-se-lhes como uma diversão, um brinco (CONGRESSO DE INSTRUÇÃO 1882-1884, item II).
3. Assim educados, elles sahem da escola com a profunda imprensao que ahi receberam e serão homens attenciosos, cheios de acatamento para com as senhoras, e de costumes que honram a sua educação (CONGRESSO DE INSTRUÇÃO 1882-1884, item II).
4. Em vez de dous mestres, duas escolas, duas casas [...], uma aula mixta presta o mesmo e melhor serviço: e com a quantia poupada da creação e custeio, que assim se tornam desnecessários, de mais outra escola, proporcionam-se os meios para em outro lugar terem os meninos o preciso ensino (CONGRESSO DE INSTRUÇÃO 1882-1884, item V).
5. O preconceito e prevenção tem de ceder à experiência e ao tempo, que os hão de vencer, atestando mais tarde, com os factos, não serem razoáveis os receios dos que levam tão longe seus escrúpulos para condemnar, por uma preoccupação que os domina, providencia de vantagens não duvidosas. (CONGRESSO DE INSTRUÇÃO 1882-1884, item VIII). (1)
Vejamos agora, pois, qual o argumento moral defendido pela Igreja, para em seguida examinar mais detidamente os itens elencados pelo Inspetor Dr. Uchôa.
Posicionamento da Igreja quanto à co-educação
Iniciemos com as palavras do Magistério de Pio XI, na encíclica Divini Illius Magistri – de 1929, que repete o ensinamento perene da Igreja na matéria da educação. Eis as palavras do Papa:
“D) COEDUCAÇÃO
“De modo semelhante, erroneo e pernicioso à educação cristã é o chamado método da ‘coeducação’, baseado também para muitos no naturalismo negador do pecado original, e ainda para todos os defensores deste método, sobre uma deplorável confusão de ideias que confunde a legítima convivência humana com a promiscuidade e igualdade niveladora. O Criador ordenou e dispos a convivência prefeita dos dois sexos somente na unidade do matrimônio e gradualmente distinta na família e na sociedade. Além disso não há na própria natureza, que os faz diversos no organismo, nas inclinações e nas aptidões, nenhum argumento donde se deduza que possa ou deva haver promiscuidade, e muito menos igualdade na formação dos dois sexos. Estes, segundo os admiráveis desígnios do Criador, são destinados a completar-se mutuamente na família e na sociedade, precisamente pela sua diversidade a qual, portanto, deve ser mantida e favorecida na formação educativa, com a necessária distinção e correspondente separação, proporcionada às diversas idades e circunstâncias. Apliquem-se estes princípios no tempos e lugar oportunos, segundo as normas da prudência cristã, em todas as escolas, nomeadamente no período mais delicado e decisivo da formação, qual é o da adolescência; e nos exercícios ginásticos e desportivos, com particular preferência à modéstia cristã na juventude feminina, a qual fica muito mal toda a exibição e publicidade.” (Papa Pio XI, Encíclica Divini Illius Magistri, Ed. Escolas Profissionais Salesianas, 1938, p. 46)
As bases da doutrina contra a co-educação se firmam, pois, nas palavras do Santo Padre, que diz que Deus Nosso Senhor criou o homem e a mulher desiguais, para que se completassem perfeitamente por meio do matrimônio. A cada um dos sexos caberia um papel na vida de família e na sociedade e por isto se faz necessário que a educação de meninos e meninas seja também desigual. Portanto, a “igualdade niveladora” na educação, como diz Pio XI, é contrária aos desígnios de Deus para a família e a sociedade. Daí já decorre um grave defeito da co-educação nas escolas.
E, além do igualitarismo, há ainda o problema moral relacionado com a pureza e castidade. Como diz o Papa, a co-educação promove a promiscuidade entre os sexos, visto que a convivência entre os sexos se torna constante: no Brasil são pelos menos 6 horas de convívio comum, na ida para a escola, nas aulas, nos recreios, na volta para casa… É neste sentido que Pio XI diz que grande parte dos defensores da co-educação se baseiam num naturalismo que nega o pecado original, pois quem imagine que um convívio tão longo e próximo não apresente riscos para a pureza – quer seja por um contato sexual precoce e pré-matrimonial ou por uma influência malfazeja à práticas anti-naturais – só pode fazer pouco caso do ensinamento tradicional da Igreja tanto em relação ao pecado original e quanto à inclinação do homem ao pecado.
Sintetizando, Pio XI diz:
I) contra o igualitarismo: meninos e meninas são diferentes, portanto precisam de educação diferenciada;
II) contra a sensualidade: a proximidade excessiva entre os dois sexos degenera em promiscuidade;
III) a separação dos sexos na escola deve acontecer sempre que possível, mas principalmente no período da adolescência e nas aulas de educação física.
Vejamos agora o que dizem os moralistas católicos, começando pelas palavras do Dizionario di Teologia Morale de 1968, dirigido pelo Cardeal Roberti e revisto à luz do Concílio Vaticano II. No verbete Sexo pode-se ler:
“’O contato social entre pessoas dos dois sexos tem influência benéfica e educativa. Este contato o oferece, de uma maneira mais natural e equilibrada, a vida da família numerosa, na qual há pai e mãe e a prole quase sempre é composta de irmãos e irmãs. Um contato fora da família, demasiado grande e frequente, não está isento de perigos. Por isso, deve-se evitar tanto quanto possível a co-educação de jovens de sexo diferente nas mesmas escolas‘” (Dizionario di Teologia Morale, Ed. Studium, Roma, 1968, 4.ª ed., revista à luz do Concílio ecumênico Vaticano II, p. 1524-1525 / Imprimatur: Sac. Marius Iacovelli, Vic. Gen., Tibure, 25-2-1968 in A TFP: uma vocação, TFP e famílias, TFP e famílias na crise espiritual e temporal do século XX, Vol. I, elaborada por uma comissão de estudos da TFP, em fevereiro de 1986)
Este trecho repete o ensinamento do Magistério de Pio XI, acrescentando que a Igreja considera o contato social entre os dois sexos benéfico, desde que seja feito dentro do próprio ambiente familiar, entre pai, mãe, filhos e filhas. Como bem disse o Papa, a convivência perfeita entre os dois sexos se dá no matrimônio, e menos perfeita que esta convivência vem logo abaixo a convivência dos filhos e filhas do casal no mesmo lar: convivência imperfeita, mas que é, para crianças e adolescentes, a que mais condiz com seu estado de desenvolvimento. Mas, para que este relacionamento seja ainda mais rico, o Cardeal reitera que contribui enormemente a prole numerosa: geralmente composta por meninos e meninas. Eis a sabedoria da Igreja!
No mesmo Dizionario, o Cardeal Palazzini, na época Prefeito da Sagrada Congregação para a Causa dos Santos, escreve:
“’Co-educação é a educação de meninos e meninas feita em comum com o fim de favorecer um pretenso encontro natural e progressivo entre os dois sexos.
‘Além dos propugnadores do naturalismo e de alguns protestantes, que julgaram encontrar na co-educação um elemento favorável para a sanidade dos costumes em contraposição aos perigos do auto-erotismo, tal método tem sido elogiado também por alguns católicos. Estes têm sustentado ver nele uma forma de imunização gradual contra o mal, um incentivo para a gentileza e a emulação e uma expressão análoga à vida de família.
‘Porém a Igreja tem-se declarado constantemente contrária a tal método, porque tem visto nele um grave perigo para a pureza e para a formação dos jovens. Com efeito, a comparação com a vida familiar é claramente forçada, e uma vez mais se abusa na aplicação do princípio da imunização produzida pelo hábito (‘ab assuetis non fit passio’), esquecendo- se de que o hábito pode eliminar o choque da impressão nova, mas não elimina, pelo contrário aumenta o perigo proveniente do contato contínuo, constituindo um estímulo natural para as paixões, não só pela novidade, como também por seu conteúdo. E a experiência só faz confirmar a observação‘” (Cardeal Pietro Palazzini, in Dizionario di Teologia Morale, Ed. Studium, Roma, 1968, 4.ª ed., revista à luz do Concílio ecumênico Vaticano II, p. 323 / Imprimatur: Sac. Marius Iacovelli, Vic. Gen., Tibure, 25-2-1968 in A TFP: uma vocação, TFP e famílias, TFP e famílias na crise espiritual e temporal do século XX, Vol. I, elaborada por uma comissão de estudos da TFP, em fevereiro de 1986)
O Cardeal aponta para os argumentos dos co-educadores. Notemos que, curiosamente, são os mesmos argumentos do Dr. Uchôa no século XIX. Os argumentos seriam:
a) O contato entre os sexos favorece a convivência natural (o mesmo ponto 1 do Dr. Uchôa);
b) O contato entre os sexos evita certas práticas anti-naturais [auto-erotismo];
c) O contato entre os sexos incentiva a gentileza e representa a vida de família, preparando os jovens para a vida futura (o mesmo ponto 3 do Dr. Uchôa);
Ao que o Cardeal Palazzini opõe os seguintes contra-argumentos:
a.1) A convivência frequente entre os sexos elimina o choque da novidade, porém aumenta o perigo de pecado, incitando as paixões inferiores;
b.1) Decorrente do que se disse acima, as práticas anti-naturais só tendem a aumentar;
c.1) A comparação com a vida de família é evidentemente forçada, apenas visando justificar a posição da co-educação;
Por fim, citemos – ainda no Dizionario – a posição do Professor Carlo Rizzo, livre-docente de Clínica de enfermidades nervosas e mentais na Universidade de Roma:
“’Um dos corolários desses deletérios princípios – de Hirschfeld, criador da teoria do terceiro sexo, que seria o sexo do homossexual – é a promiscuidade sexual: mal que à primeira vista pode parecer sem gravidade, mas que, de fato, se torna frequentemente pernicioso já que pode constituir facilmente a premissa, a ocasião e o incentivo para aqueles males já mencionados – [homossexualidade, amor livre, neo- maltusianismo, etc...]
‘A todos é notório como a prudente separação entre os jovens e as jovens, que existia até há alguns decênios, praticamente desapareceu atualmente.’” (Prof. Carlo Rizzo, in Dizionario di Teologia Morale, Ed. Studium, Roma, 1968, 4.ª ed., revista à luz do Concílio ecumênico Vaticano II, pp. 1525-1526 / Imprimatur: Sac. Marius Iacovelli, Vic. Gen., Tibure, 25-2- 1968 in A TFP: uma vocação, TFP e famílias, TFP e famílias na crise espiritual e temporal do século XX, Vol. I, elaborada por uma comissão de estudos da TFP, em fevereiro de 1986)
Duas coisas chamam a atenção neste trecho: a primeira é que, mesmo que inconscientemente, os defensores da co-educação – promovendo a promiscuidade sexual – se aproximam dos princípios de pensadores como Magnus Hirschfeld, que defendia a tese de que haviam três sexos, sendo que homens e mulheres tinham diversas características em comum, não podendo ser taxados inflexivelmente enquanto seres do sexo masculino e feminino, e a síntese destes constituiria o indivíduo homossexual, que estaria numa posição intermediária entre os dois seres. Deste modo, os homens não são homens, as mulheres não são mulheres e os homossexuais representam os dois primeiros: no fundo, uma teoria do bissexualismo e da androginia. Portanto, não haveria mal algum em se colocar meninos e meninas na mesma classe, visto que no fundo todos são iguais. E, de uma maneira ou de outra, é isto o que reproduzem os co-educadores quando dizem que meninos e meninas têm as mesmas aptidões, as mesmas capacidades para diferentes coisas, e propõem o ensino em comum.
E o segundo ponto que chama atenção é o alerta dado pelo prof. Rizzo: a separação entre os sexos praticamente desapareceu; ou seja, estamos num ambiente abertamente influenciado pelas teorias igualitárias e anti-naturais de estudiosos como Sigmund Freud, Hirschfeld e outros, e ao mesmo tempo afastado da influência benigna e santificante da Igreja Católica.
Considerações finais à luz da doutrina católica sobre os pontos em favor da co-educação
A primeira e mais importante consideração a se fazer é que os defensores da co-educação passam completamente por cima de todo e qualquer argumento moral, dando a impressão de que o ponto central da discussão é de nível exclusivamente intelectual e/ou econômico. Em verdade, no ponto 5 o Dr. Uchôa tece, veladamente uma crítica ao argumento moral, taxando-o de preconceituoso e retrógrado, que deve dar espaço à racionalidade do ponto de vista dos co-educadores. Como costumeiro nos meios positivistas e progressistas, o Dr. Uchôa deixa a cargo da experiência e do tempo a extinção dos posicionamentos dos moralistas escrupulosos. Ou seja, o processo evolutivo da sociedade se encarregará de fazer desaparecer qualquer elemento ultrapassado, pois esta seria a verdadeira marcha da história e da humanidade: o progresso indefinido, atropelando sempre os costumes e crenças do passado. Mas, poderíamos pergunta, porque a doutrina católica será ultrapassada e os ideais dos co-educadores, velhos já de mais de 200 anos, podem continuar os mesmos? Como exemplo podemos ver que os argumentos listados pelo Cardeal Palazzini em 1968 são os mesmos dados pelo Dr. Uchôa em 1882: então, só as ideias positivistas não serão nunca ultrapassadas?
O professor Plinio Corrêa de Oliveira, fundador da TFP – Sociedade Brasileira de Defesa da Tradição, Família e Propriedade – no jornal Legionário de 1943 escreveu artigo intitulado “Co-educação” em que trata de analisar alguns dos pontos aqui discutidos. Ele diz que “(…) o problema consiste em saber se realmente os adversários da co-educação têm fundados motivos para sustentar sua tese. Em caso afirmativo, não há economia que compense os desastres da co-educação”. (2)
Portanto, seguindo o esquema do Dr. Uchôa, tudo depende do seu ponto 5, que é onde ele apresenta a religião como sistema velho e dominado por escrupulos. Se realmente existir um problema moral, e de fato existe – como já comprovado pelas citações do Magistério, moralistas e cientista colocadas acima -, vantagem econômica nenhuma pode justificar a manutenção de um sistema que põe em risco as almas de milhões de crianças e adolescentes: deste modo, o ponto 4, que apresenta o argumento econômico deixa de ter razão de ser.
Então, como podemos ver, todos os pontos em favor da co-educação são contrários ao ensinamento perene da Igreja. Tanto assim, que na encíclica Divini Illius Magistri, Pio XI chega a proibir a frequência dos jovens católicos em escolas acatólicas, neutras e mistas (3). Como, infelizmente, “as circunstâncias de lugar e de tempo” (4) nos obrigam atualmente a ter os filhos matriculados em tais escolas, o mesmo Santo Padre já dizia que nestas ocasiões a frequência se faz tolerável, visto não haver outra solução imediata – mas, que os pais devem procurar as escolas menos danosas para a alma de seus filhos.
***
(1) Fabiane Freire França – A Co-educação dos sexos na escola pública brasileira: 1870-1932, Universidade Estadual de Maringá;
(2) Plinio Corrêa de Oliveira – “Co-educação”, Mensário Legionário, nº 555, 28 de março de 1943;
(3) Papa Pio XI, Encíclica Divini Illius Magistri, Ed. Escolas Profissionais Salesianas, 1938, p. 52;
(4) Papa Pio XI, Encíclica Divini Illius Magistri, Ed. Escolas Profissionais Salesianas, 1938, p. 52.

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Excelente Palestra sobre o Trivium

Excelente palestras explicano método de educação Trivium, que era dado durante a Idade Média, faz parte das sete artes liberais que são o Trivium e o Quadrivium.
Trivium: Gramatica, Lógica e Retórica.
Quadrivium: Aritmética, Geometria, Música e Astronomia.


S. Pio X e a Educação Cristã

São Pio X, entre tantos títulos de glória, possui em grau eminente o de ser, como o definiu S.S. Pio XII, o Papa da doutrina cristã; da doutrina cristã ensinada não só por meio da pregação, mas de modo especial por meio do catecismo. Aureolado com este título, ele refulge na Igreja como um dos maiores defensores e promotores da educação cristã da juventude.

Não é possível recordar todos os documentos públicos ou privados, solenes ou íntimos, nos quais se manifesta o zelo de S. Pio X pela instrução religiosa. Recordemos pelo menos a Carta ao arcebispo de Paris, cardeal Richard, Quod a catechimis, de 15 de abril de 1903; a Encíclica Acerbo nimis, de 15 de abril de 1905 que permanece o estatuto definitivo do ensino da doutrina cristã; a Encíclica Editae saepe Dei, de 26 de maio de 1910, por ocasião do 3º centenário de S. Carlos Borromeu na qual lemos:

"De tal instrução cristã aparece evidentemente aumentada a necessidade seja por todo o andamento dos tempos e dos costumes modernos, seja particularmente por aquelas escolas públicas, privadas de toda religião, onde constitui quase um passatempo zombar de todas as coisas santas, e onde igualmente estão abertos à blasfêmia os lábios dos mestres e os ouvidos dos alunos. Falamos da escola que se intitula por suma injúria neutra ou leiga, mas que não passa de uma tirania prepotente de uma seita satânica. Um tal novo jogo de hipócrita falsidade, vós já denunciastes em alta voz e intrepidamente, ó veneráveis irmãos, máxime nos países onde mais afrontosamente foram pisoteados os direitos da religião e da família, antes sufocada a voz mesma da natureza que exige respeitada a fé e o candor da adolescência.

A fim de remediar, na medida em que Nos é possível, um tão grande mal, provocado por aqueles mesmos que, enquanto dos outros pretendem obediência, negam-na ao Senhor supremo de todas as coisas, recomendamos que se instituam nas cidades oportunos cursos de religião. E se bem estas obras, graças aos vossos esforços tenham conseguido até agora bons resultados, é sumamente desejável que sempre mais difusamente se propaguem, isto é, que tais escolas se abram por toda parte e floresçam em mestres respeitáveis por mérito de doutrina e intergidade de vida".

Com seu decreto "libertador" Quam singularis, de 8 de agosto de 1910, sobre a comunhão das crianças, Sua Santidade Pio X deu à obra da educação da infância e da juventude um contributo de excepcional importância. Restabelecendo a doutrina da Igreja primitiva, o Papa restituiu à criança o mais belo e sacro dos seus direitos: o seu direito a Cristo e à vida nela de Cristo. Abriu à criança e ao jovem a autêntica fonte do dinamismo espiritual que assegura a felicidade e a fecundidade da vida. A tática dos ímpios consistia e consiste ainda em arrancar a alma do jovem do seu Deus, de Cristo Jesus. Era este o objetivo de tantas lutas empreendidas e de outros tantos atentados perpetrados. Com um intuito mais que genial, S. Pio X considerou que, diante desta tática, era necessário penetrar no vivo, se assim é possível dizer, da tática adversária; era necessário levar as crianças ao coração de Cristo, divino refúgio, abrir a Cristo os seus corações, na frescura da sua pureza para que Cristo as enchesse do seu amor e da sua força infinita.

(Pio XII e a educação da juventude, Fernessole, pp.37-9)

O que diz o Catecismo da Igreja Católica acerca de Educação


E.4.1 Colaboração dos pais na educação dos filhos


§2206 As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém sobretudo do respeito mútuo entre as pessoas. A família é uma comunidade privilegiada, chamada a realizar "uma carinhosa abertura recíproca de alma entre os cônjuges e também uma atenta cooperação dos pais na educação dos filhos".





E.4.2 Direito de uma reta educação sexual

§2344 A castidade representa uma tarefa eminentemente pessoal. Mas implica também um esforço cultural, porque "o homem desenvolve-se em todas as suas qualidades mediante a comunicação com os outros". A castidade supõe o respeito pelos direitos da pessoa, particularmente o de receber uma informação e uma educação que respeitem as dimensões morais e espirituais da vida humana.

E.4.3 Direito e dever dos pais de educar os filhos

§1653 A fecundidade do amor conjugal se estende aos frutos vida moral, espiritual e sobrenatural que os pais transmitem seus filhos pela educação. Os pais são os principais e primeiros educadores de seus filhos. Neste sentido, a tarefa fundamental do Matrimônio e da família é estar a serviço da vida.

§2221 A fecundidade do amor conjugal não se reduz só à procriação dos filhos, mas deve se estender à sua educação moral e formação espiritual. "O papel dos pais na educação é tão importante que é quase impossível substituí-los." O direito e o devei de educação são primordiais e inalienáveis para os pais.

§2223 Os pais são os primeiros responsáveis pela educação de seus filhos. Dão testemunho desta responsabilidade em primeiro lugar pela criação de um lar no qual a ternura, o perdão, o respeito, a fidelidade e o serviço desinteressado são a regra. O lar é um lugar apropriado para a educação das virtudes. Esta requer a aprendizagem da abnegação, de um reto juízo, do domínio de si, condições de toda liberdade verdadeira. Os pais ensinarão os filhos a subordinar "as dimensões físicas e instintivas às dimensões interiores e espirituais." Dar bom exemplo aos filhos é uma grave responsabilidade para os pais. Sabendo reconhecer diante deles seus próprios defeitos, ser-lhes-á mais fácil guiá-los e corrigi-los:

"Aquele que ama o filho usará com freqüência o chicote; aquele que educa seu filho terá motivo de satisfação" (Eclo 30,1-2). "E vós, pais, não deis a vossos filhos motivo de revolta contra vós, mas criai-os na disciplina e correção do Senhor" (Ef 6,4).

§2372 O Estado é responsável pelo bem-estar dos cidadãos. Por isso, é legítimo que ele intervenha para orientar a demografia da população. Pode fazer isso mediante uma informação objetiva e respeitosa, mas nunca por via autoritária e por coação. O Estado não pode legitimamente substituir a iniciativa dos esposos, primeiros responsáveis pela procriação e educação de seus filhos. O Estado não está autorizado a intervir neste campo, com meios contrários à lei moral.

E.4.4 Educação cristã dos filhos como caminho de santificação

§902 De maneira especial, os pais participam do múnus de santificação "quando levam uma vida conjugal com espírito cristão e velando pela educação cristã dos filhos".

E.4.5 Educação da consciência

§1783 A consciência deve ser educada e o juízo moral, esclarecido. Uma consciência bem formada é reta e verídica. Formula seus julgamentos seguindo a razão, de acordo com o bem verdadeiro querido pela sabedoria do Criador. A educação da consciência e indispensável aos seres humanos submetidos a influências negativas e tentados pelo pecado a preferir seu julgamento próprio e a recusar os ensinamentos autorizados.

§1784 A educação da consciência é uma tarefa de toda a vida. Desde os primeiros anos, alerta a criança para o conhecimento e a prática da lei interior reconhecida pela consciência moral. Uma educação prudente ensina a virtude, preserva ou cura do medo, do egoísmo e do orgulho, dos sentimentos de culpabilidade e dos movimentos de complacência, nascidos da fraqueza e das faltas humanas. A educação da consciência garante a liberdade e gera a paz do coração.

§1785 Na formação da consciência, a Palavra de Deus é a luz de nosso caminho; é preciso que a assimilemos na fé e na oração e a ponhamos em prática. É preciso ainda que examinemos nossa consciência, confrontando-nos com a Cruz do Senhor. Somos assistidos pelos dons do Espírito Santo, ajudados pelo testemunho e conselhos dos outros e guiados pelo ensinamento autorizado da Igreja.

E.4.6 Educação da fé cristã dever e múnus

§1635 Conforme o direito em vigor na Igreja Latina, um casamento misto exige, para sua liceidade, a permissão expressa da autoridade eclesiástica. Em caso de disparidade de culto, requer-se uma dispensa expressa do impedimento para a validade do casamento. Esta permissão ou esta dispensa supõem que as duas partes conheçam e não excluam os fins e as propriedades essenciais do casamento, e também que a parte católica confirme o empenho, com o conhecimento também da parte não-católica, de conservar a própria fé e assegurar o batismo e a educação dos filhos na Igreja católica.

§1651 A respeito dos cristãos que vivem nesta situação e geralmente conservam a fé e desejam educar cristãmente seus filhos, os sacerdotes e toda a comunidade devem dar prova de uma solicitude atenta, a fim de não se considerarem separados da Igreja, pois, como batizados, podem e devem participar da vida da Igreja:

Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a freqüentar o sacrifício da missa, a perseverar na oração, a dar sua contribuição às obras de caridade e às iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorar, dia a dia, a graça de Deus.

§1656 Em nossos dias, num mundo que se tornou estranho e até hóstia à fé, as famílias cristãs são de importância primordial, como lares de fé viva e irradiante. Por isso, o Concílio Vaticano II chama a família, usando uma antiga expressão, de "Ecclesia domestica". E no seio da família que os pais são "para os filhos, pela palavra e pelo exemplo... os primeiros mestres da fé. E favoreçam a vocação própria a cada qual, especialmente a vocação sagrada".

§1657 E na família que se exerce de modo privilegiado o sacerdócio batismal do pai de família, da mãe, dos filhos, de todos os membros da família, "na recepção dos sacramentos, na oração e ação de graças, no testemunho de uma vida santa, na abnegação e na caridade ativa". O lar é, assim, a primeira escola de vida cristã e "uma escola de enriquecimento humano". E aí que se aprende a resistência à fadiga e a alegria do trabalho, o amor fraterno, o perdão generoso e mesmo reiterado e, sobretudo, o culto divino pela oração e oferenda de sua vida.

§1658 Não podemos esquecer também certas pessoas que, por causa das condições concretas em que precisam viver – muitas vezes contra a sua vontade -, estão particularmente próximas do coração de Jesus e merecem uma atenciosa afeição e solicitude da Igreja e principalmente dos pastores: o grande número de pessoas celibatárias. Muitas dessas pessoas ficam sem família humana, muitas vezes por causa das condições de pobreza. Há entre elas algumas que vivem essa situação no espírito das bem-aventuranças, servindo a Deus e ao próximo de modo exemplar. A todas elas é preciso abrir as portas dos lares, "Igrejas domésticas", e da grande família que é a Igreja. "Ninguém está privado da família neste mundo: a Igreja é casa e família para todos, especialmente para quantos 'estão cansados e oprimidos'."

§1659 São Paulo diz: "Maridos, amai as vossas mulheres, como Cristo amou a igreja... E grande este mistério: refiro-me à relação entre Cristo e sua Igreja" (Ef 5,25.32).

§1660 O pacto matrimonial, pelo qual um homem e uma mulher constituem entre si uma íntima comunidade de vida e de amor, foi fundado e dotado de suas leis próprias pelo Criador. - uma natureza, é ordenado ao bem dos cônjuges, como também à geração e educação dos filhos. Entre os batizados, foi elevado, por Cristo Senhor, à dignidade de sacramento.

§1661 O sacramento do Matrimônio significa a união de Cristo com igreja. Concede aos esposos a graça de amarem-se com o mesmo amor com que Cristo amou sua Igreja; a graça do sacramento leva à perfeição o amor humano dos esposos, consolida unidade indissolúvel e os santifica no caminho da vida eterna.

§1662 O Matrimônio se baseia no consentimento dos contraentes, isto é, na vontade de doar-se mútua e definitivamente para viver uma aliança de amor fiel e fecundo.

§1663 Como o Matrimônio estabelece os cônjuges num estado público de vida na Igreja, convém que sua celebração seja pública no quadro de uma celebração litúrgica diante do sacerdote (ou de testemunha qualificada da Igreja), das testemunhas e da assembléia dos fiéis.

§1664 A unidade, a indissolubilidade e a abertura à fecundidade essenciais ao Matrimônio. A poligamia é incompatível com unidade do matrimônio; o divórcio separa o que Deus uniu; a recusa da fecundidade desvia a vida conjugal de seu mais excelente": a prole.

§1665 O novo casamento dos divorciados ainda em vida do legítimo cônjuge contraria o desígnio e a lei de Deus que Cristo ensinou. Eles não estão separados da Igreja, mas não têm acesso à comunhão eucarística. Levarão vida cristã principalmente educando seus filhos na fé.

§1666 O lar cristão é o lugar em que os filhos recebem o primeiro anúncio da fé. Por isso, o lar é chamado, com toda razão, de "Igreja doméstica", comunidade de graça e de oração, escola das virtudes humanas e da caridade cristã.

§2685 A família cristã é o primeiro lugar da educação para a oração. Fundada sobre o sacramento do matrimônio, ela é "a Igreja doméstica", onde os filhos de Deus aprendem a orar "como Igreja" e a perseverar na oração. Para as crianças, particularmente, a oração familiar cotidiana é o primeiro testemunho da memória viva da Igreja reavivada pacientemente pelo Espírito Santo.

E.4.7 Educação da fé e conseqüências de sua negligência

§2125 Na medida em que rejeita ou recusa a existência de Deus, o ateísmo é um pecado contra a virtude da religião. A imputabilidade desta falta pode ser seriamente diminuída em virtude das intenções e das circunstâncias. Na gênese e difusão do ateísmo, "grande parcela de responsabilidade pode caber aos crentes, na medida em que, negligenciando a educação da fé, ou por uma exposição enganosa da doutrina, ou por deficiência em sua vida religiosa, moral e social, se poderia dizer deles que mais escondem do que manifestam o rosto autêntico de Deus e da religião"

E.4.8 Educação da liberdade

§2370 A continência periódica, os métodos de regulação da natalidade baseados na auto-observação e no recurso aos períodos infecundos estão de acordo com os critérios objetivos da moralidade. Estes métodos respeitam o corpo dos esposos, animam a ternura entre eles e favorecem a educação de uma liberdade autêntica. Em compensação, é intrinsecamente má "toda ação que, ou em previsão do ato conjugal, ou durante a sua realização, ou também durante o desenvolvimento de suas conseqüências naturais, se proponha, como fim ou como meio, tornar impossível a procriação"

"À linguagem nativa que exprime a recíproca doação total dos cônjuges a contracepção impõe uma linguagem objetivamente contraditória, a do não se doar ao outro. Deriva daqui não somente a recusa positiva de abertura à vida, mas também uma falsificação da verdade interior do amor conjugal, chamado a doar-se na totalidade pessoal." Esta diferença antropológica e moral entre a contracepção e o recurso aos ritmos periódicos "envolve duas concepções da pessoa e da sexualidade humana irredutíveis entre si".

§2526 O que se costuma chamar permissividade dos costumes se apoia numa concepção errônea da liberdade humana; para se edificar, esta última tem necessidade de se deixar educar previamente pela lei moral. Convém exigir dos responsáveis pela educação que dêem à juventude um ensino respeitoso da verdade, das qualidades do coração e da dignidade moral e espiritual do homem

E.4.9 Efeitos e frutos da educação

§1839 As virtudes morais crescem pela educação, pelos atos deliberados e pela perseverança no esforço. A graça divina purifica e as eleva.

§1917 Cabe aos que exercem a função de autoridade fortalecer os valores que atraem a confiança dos membros do grupo e os incitam a se colocar a serviço dos semelhantes. A participação começa pela educação e pela cultura. "Podemos pensar com razão em depositar o futuro da humanidade nas mãos daqueles que são capazes de transmitir às gerações do amanhã razões de viver e de esperar."

E.4.10 Formação religiosa vide Formação

E.4.11 Impedimentos para a educação dos filhos

§1634 A diferença de confissão entre os cônjuges não constitui obstáculos insuperável para o casamento, desde que consigam pôr em comum o que cada um deles recebeu em sua comunidade e aprender um do outro o modo de viver sua fidelidade a Cristo. Mas nem por isso devem ser subestimadas as dificuldades dos casamentos mistos. Elas se devem ao fato de que a separação dos cristãos é uma questão ainda não resolvida. Os esposos correm o risco de sentir o drama da desunião dos cristãos no seio do próprio lar. A disparidade de culto pode agravar ainda mais essas dificuldades. As divergências concernentes à fé, à própria concepção do casamento, como também mentalidades religiosas diferentes, podem constituir uma fonte de tensões no casamento, principalmente no que tange à educação dos filhos. Uma tentação pode então apresentar-se: a indiferença religiosa.

E.4.12 Liberdade de educar os filhos na fé e na comunidade política

§2211 A comunidade política tem o dever de honrar a família, de assisti-la, de lhe garantir sobretudo:

 O direito de se constituir, de ter filhos e de educá-los de

 acordo com suas próprias convicções morais e religiosas;

 a proteção da estabilidade do vínculo conjugal e da instituição familiar;

 a liberdade de professar a própria fé, de transmiti-la, de educar nela os filhos, com os meios e as Instituições necessárias;

 o direito à propriedade privada, à liberdade de empreendimento, ao trabalho, à moradia, à emigração;

 de acordo com as instituições dos países, o direito à assistência médica, à assistência aos idosos, aos abonos familiares;

 a proteção da segurança e da saúde, sobretudo em relação aos perigos, como drogas, pornografia, alcoolismo etc.;

 a liberdade de formar associações com outras famílias e, assim, serem representadas junto às autoridades civis.

E.4.13 Matrimônio e educação dos filhos

§1601 "A aliança matrimonial, pela qual o homem e a mulher constituem entre si uma comunhão da vida toda, é ordenada por sua índole natural ao bem dos cônjuges e à geração e educação da prole, e foi elevada, entre os batizados, à dignidade de sacramento por Cristo Senhor."

§1652 O instituto do Matrimônio e o amor dos esposos estão, por sua índole natural, ordenados à procriação e à educação dos filhos, e por causa dessas coisas (a procriação e a educação dos filhos), (o instituto do Matrimônio e o amor dos esposos) são como que coroados de maior glória.

Os filhos são o dom mais excelente do Matrimônio e contribuem grandemente para o bem dos próprios pais. Deus mesmo disse: "Não convém ao homem ficar sozinho" (Gn 2,18), e "criou de início o homem como varão e mulher" (Mt 19,4); querendo conferir ao homem participação especial em sua obra criadora, abençoou o varão e a mulher dizendo: "Crescei e multiplicai-vos" (Gn 1,28). Donde se segue que o cultivo do verdadeiro amor conjugal e toda a estrutura da vida familiar que daí promana, sem desprezar os outros fins do Matrimônio, tendem a dispor os cônjuges a cooperar corajosamente como amor do Criador e do Salvador que, por intermédio dos esposos, quer incessantemente aumentar e enriquecer sua família.

§2201 A comunidade conjugal está fundada no consentimento dos esposos. O casamento e a família estão ordenados para o bem dos esposos, a procriação e a educação dos filhos. O amor dos esposos e a geração dos filhos instituem entre os membros de uma mesma família relações pessoais e responsabilidades primordiais.

E.4.14 Pais primeiros e principais educadores dos filhos

§1653 A fecundidade do amor conjugal se estende aos frutos vida moral, espiritual e sobrenatural que os pais transmitem seus filhos pela educação. Os pais são os principais e primeiros educadores de seus filhos. Neste sentido, a tarefa fundamental do Matrimônio e da família é estar a serviço da vida.

§2206 As relações dentro da família acarretam uma afinidade de sentimentos, de afetos e de interesses, afinidade essa que provém sobretudo do respeito mútuo entre as pessoas. A família é uma comunidade privilegiada, chamada a realizar "uma carinhosa abertura recíproca de alma entre os cônjuges e também uma atenta cooperação dos pais na educação dos filhos".

§2372 O Estado é responsável pelo bem-estar dos cidadãos. Por isso, é legítimo que ele intervenha para orientar a demografia da população. Pode fazer isso mediante uma informação objetiva e respeitosa, mas nunca por via autoritária e por coação. O Estado não pode legitimamente substituir a iniciativa dos esposos, primeiros responsáveis pela procriação e educação de seus filhos. O Estado não está autorizado a intervir neste campo, com meios contrários à lei moral.

E.4.15 Tornar acessível o direito de educar

§1908 Em segundo lugar, o bem comum exige o bem-estar social e o desenvolvimento do próprio grupo o desenvolvimento é o resumo de todos os deveres sociais. E claro, cabe à autoridade servir de árbitro, em nome do bem comum, entre os diversos interesses particulares. Mas ela deve tornar acessível a cada um aquilo de que precisa para levar uma vida verdadeiramente humana: alimento, vestuário, saúde, trabalho, educação e cultura, informação conveniente, direito de fundar um lar etc.

§1911 As dependências humanas se intensificam. Estendem-se aos poucos à terra inteira. A unidade da família humana, reunindo seres que gozam de uma dignidade natural igual, implica um bem comum universal. Este exige uma organização da comunidade das nações capaz de "atender às várias necessidades dos homens, tanto no campo da vida social (alimentação, saúde, educação...) como em certas condições particulares que podem surgir cá ou lá, tais como a necessidade (...) de acudir aos sofrimentos dos refugiados (...),ou de ajudar os emigrantes e suas famílias".

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Religião no Mundo Moderno e Educação nos dias de Hoje

Esse video mostra claramente como é tratada a religião no mundo de hoje. Como algo sem muita importância, todas as religiões são iguais, o importante é acreditar em algo, temos que ter tolerância...O mais interssante foi quando o professor ergueu a voz para o aluno dizendo que nao tolerava Chersterton por causa do livro Ortodoxia que significa ensinamento correto e religião nao tinha nada a ver com isso mas com tolerancia....incoerente não é? ao mesmo que pede tolerância é intolerante com aqueles que querem seguir o caminho correto assim acontece nos dias de hoje quando o assunto é religião. O mundo de hoje não aceita que exista uma só Verdade,  vivem imersas num relativismo onde tudo valido, mas quando se fala em uma moral de vida, religião, caminho correto, já te taxam de preconceituoso, intolerante e por aí vai. Realmente não é fácil ser cristão nesse mundo mas nem o próprio Cristo disse que seria. Então não devemos esperar que as pessoas nos aceitem, mas importante é que Deus nos aceite.
Agora a questão da educação. A pedagogia marxista ensinou que não se pode ter mais autoridade dentro de sala de aula, que o professor é apenas um "facilitador" e não o mestre que ensina. Que as cadeiras estão dispostas de uma maneira opressora, pois estao enfileiradas e de frente para o professor e que a sala deveria estar circulo, pois aí demonstra a igualdade de ambos. Ora se o professor fosse apenas um facilitador ele nao precisava estar ali os alunos aprenderiam por si mesmos. Mas a função dele é justamente transmitir o conhecimento ser o mestre que ensina e não um "facilitador" como tais pedagogias querem dizer. E isso não é oprimir o aluno mas sim ensinar o caminho da verdade para que ele saiba a direção a seguir. Isso não significa que não haja interação entre professor e aluno, mas unicamnte que o professor é a autoridade e deve ser respeitado como tal. Afinal como quando nao sabemos o caminho precisamos de alguém que nos guie e assim são os professores, e quando necessário deve cobrar disciplina, não por serem carrascos, mas por querer o bem de seus alunos.



domingo, 27 de novembro de 2011

Apresentação

Sou estudante de pegagogia, portanto, interessada em educação. Tenho visto, nos dias de hoje, que a educação esta cada vez pior. Não só do ponto de vista político, falta de estrutura nas escolas ou o salário dos professores, mas principalmente em matéria moral. Os pais não tem mais autoridade sobre os filhos muito menos os professores. Adotou-se uma pedagogia onde o aluno pode fazer o que quer, ele mesmo constrói seu conhecimento, nao se pode interferir no processo de aprendizagem mas deixar que ele experimente as coisas por si mesmo. Esse tipo de educação está levando a degradação de nossos jovens e crianças. É preciso mostrar que existe um caminho correto a seguir, que não é sendo guiado por seus extintos que vão ser sábios, mas sim tendo alguem que os guie para o caminho da verdade. Por isso, urge resgatar valores que a revolução cultural nos tirou. É preciso uma educação verdadeira onde se forme um homem na sua totalidade intelectual, moral e espiritual. E uma educação embasada em valores cristãos pode oferecer tudo isso. Por isso, pretendo expor aqui varios temas acerca de educação, valores cristãos, como tambem o que ensina a Santa Igreja Católica a respeito do assunto.

Espero fazer um bom trabalho!

Em Cristo, Emiliane.